Ao contrário que muitos pensam, a abstenção não é um protesto, a abstenção é aceitar que afinal tudo está bem. A abstenção é consentir, pelo silêncio, tudo o que está e será feito e, pior, tudo o que foi feito anteriormente.
Se, quando estávamos limitados a um sistema dominado por dois partidos, até se poderia compreender o argumento de um abstencionista de não se sentir representado por nenhum dos maiorais, hoje tal decisão já não faz sentido. Ressalvo que já nessa altura, para mim, tal argumento tinha pouco mérito, porque desde os meus 18 anos que sempre votei e nunca coloquei uma cruz no PS ou no PSDois, enfim, este argumento seria pouco compreensível, mas até certo ponto entendível.
As pessoas até estavam revoltadas, mas, diga-se de passagem, erradamente, sentiam que a sua voz, o seu voto pouco iria adiantar face aos números dos grandes dois do Bloco Central.
Hoje, num cenário em que sucessivos escândalos de corrupção finalmente derrubaram o governo do PS, numa altura em que a “oposição” do PSDois oscila entre ressuscitar uma decrépita AD e copiar medidas do Chega e da Iniciativa Liberal, o Bloco Central mais não faz que tentar sobreviver. São duas faces da mesma moeda.
Assim e com tantos novos partidos a concorrerem às eleições, como conseguem hoje os abstencionistas justificar ficar em casa indecisos em dia de votos?
Não ir votar, hoje, é o mesmo que compactuar com o desGoverno do PS que atolou este país em corrupção, assinou contratos ruinosos para ajudar amigos, destruiu a saúde pública, abriu as portas à imigração desregrada, fez disparar a criminalidade, apontou armas aos policias e forçou um terço dos nossos jovens a emigrar!
Hoje, não ir votar, é aceitar um regresso de uma AD bafienta, decrépita, um zombie que nada tem a ver com a original, que não é a herdeira de Sá Carneiro, que não é herdeira do Freitas do Amaral, que enfim não é uma verdadeira oposição ao PS pois mais não passa de uma última tentativa desesperada de se agarrarem ao poder.
Não votar é aceitar que os mesmo de sempre continuem a governar o país, numa troca de favores promovida por um Bloco Central cuja única razão de existir, hoje, é a unicamente a manutenção das suas estruturas corruptas.
Dia 10 de Março, levantem-se e votem, só assim vamos conseguir mudar o rumo deste país. E não me digam que não têm escolha, ou então, que são todos iguais, pois não faltam alternativas. Alternativas com muita gente válida cheias de propostas inteligentes, com muita gente anónima e revoltada que finalmente abriu os olhos e decidiu que tinha de fazer alguma coisa para mudar isto.
Finalmente, temos uma alternativa válida face à hegemonia do PS/PSD e à abstenção, uma alternativa com muita gente que nunca foi politica, mas que se fartou e decidiu dar um murro na mesa e dizer: – Basta!
Temos de dar uma oportunidade a toda esta gente e não podemos mais ficar parados à espera que outros escolham o nosso destino.
Depois de dia 10 de Março não adianta nada ir para o café queixarem-se que isto está tudo mal, ao não irem votar foram vocês que escolheram que isto devia continuar mal!
Lembrem-se que quem não vota é governado porque quem vota.
Júlio Alves
24/1/2023