O Ministério da Educação decidiu suspender por 90 dias um professor de Economia e Direito da Escola Secundária Eça de Queirós. O docente era acusado por alunos de duas turmas do 12º ano de não usar máscara na sala de aula, de gabar-se de não ser vacinado contra a Covid-19 e de aconselhar a visualização do seu canal no Youtube. Neste há diversos vídeos onde surge despido ou de cuecas na sua residência e em gestos obscenos. Agora já não está a dar aulas e “foi suspenso, no seguimento do processo disciplinar, com pedido de suspensão preventiva, instruído pelo diretor da escola”, José Eduardo Lemos, segundo um comunicado do Ministério da Educação. Os pais revoltaram-se com a situação e, preocupados com o estado da saúde mental do professor, decidiram queixar-se e lançar o alerta no início da passada semana, exigindo a substituição do docente. A PSP chegou a ser chamada ao estabelecimento de ensino após uma denúncia anónima e o caso estava a começar a criar instabilidade na comunidade, mas a suspensão agora anunciada sossegou os ânimos dos encarregados de educação que já preparavam um abaixo-assinado. O professor tem 63 anos e integra o quadro de outra escola da Póvoa de Varzim, a secundária Rocha Peixoto, mas por falta de horário foi colocado na Eça de Queirós, que carecia de um professor de Direito e um de Economia.
Na resposta, o docente alegou que está a ser vítima de uma “decisão arbitrária” por “falsos moralistas e ignorantes que não respeitam a liberdade de expressão”. Num recurso enviado ao Ministério da Educação, o professor considera que está a ser prejudicado e garante que “apenas sugeriu aos alunos os vídeos sobre a melhor forma de se protegerem contra a Ccovid-19”. O docente considera que quem o acusa “não é dono da moralidade”. No entanto, a suspensão, por ser preventiva, não é passível de recurso. O professor refere ainda que “só vê os vídeos quem quer” e que o Youtube alerta que algumas imagens só devem ser vistas por maiores de 18 anos. O homem insiste que as denúncias o prejudicam “muito na vida interna, na autoestima e na vida externa, profissional e pessoal” e que não foram respeitadas as suas “escolhas, gostos e opções pessoais”, frisando que enquanto professor não fez “nada de ilegal e incorreto”. Refira-se que o docente já tinha sido recentemente alvo de outro processo disciplinar pela Escola Secundária Rocha Peixoto.