Hoje há que puxar pela lembrança de um nome de padre poveiro que foi também , músico, jornalista e até… político. José Joaquim Martins Gesteira nasceu em 19 de novembro de 1814 e foi o autor da publicação intitulada “Memórias Históricas da Vila da Póvoa de Varzim”, além de dos opúsculos com sermões religiosos.
No Boletim Cultural “Póvoa de Varzim”, o historiador Jorge Barbosa (já falecido) registou que o padre Gesteira “concorreu por duas vezes deputado pelo Circulo Político de Vila do Conde – Póvoa de Varzim (a nossa emancipação politica só foi obtida em 06 de Abril de 1886, passando a ser o círculo nº 25), tendo de ambas as vezes perdido por roubalheira eleitoral”.
Cândido Landolt especificou esse momento: “também foi um grande político desejando erguer bem alto o nome do seu berço natal e defender no Parlamento os vitais interesses da Póvoa, nomeadamente da classe piscatória. Assim, aceitou, por duas vezes, a proposta do povo para receber o diploma de deputado oposicionista contra os governamentais sendo das duas vezes a eleição roubada à força armada”.
O sacerdote morreu em 4 de agosto de 1891 e o semanário local “Estrela Povoense” referiu-se assim ao Padre Gesteira: “Era eclesiástico muito ilustrado, um excelente músico/cantor e compositor –, um apaixonado cultor das Musas e um literato muito apreciável, possuindo uma selecta livraria, que conseguiu reunir à custa de muitos trabalhos e sacrifícios pecuniários, honrando as colunas deste jornal com os seus artigos sempre sensatos e humorísticos”.Cândido Landolt foi mais cáustico e escreveu sobre o padre Gesteira: “…viveu sempre rodeado da inveja dos cretinos a quem a sua pena escalpelizava sem piedade, e a sua memória foi votada ao mais ultrajante esquecimento como as suas cinzas ficaram perdidas na labirinto do antigo cemitério das Dores”.